Escrevo enovelado e deixo pontas soltas que é por prazer de sentir seus dedos descosturando-me, enfiando-se todos em mim. Cabelo embaraçado.
Meta-se dentro de mim, meu amor - sou um buraco negro.
Sou o que até hoje ninguém entendeu: segredo de mulher.
O que vaza, o que corre, o que escapa entre os dedos.
Mapeiam fisiologicamente o meu corpo, mas do mal alojado secretamente, ninguém tem notícia. Nem onde moram meus prazeres íntimos. Insinuam, incitam, tocam o vulto que passou e se perdeu.
Não sei de mim.
Sou a beira, seja bem vindo.
Essa carta está cheia de mistérios do meu coração.
Vamos voltar à superfície.
Sinto que mergulhei demais pondo palavras onde tudo é vastidão.
Escrevo-te insegura, mas por necessidade. Pra aliviar um pouco dessa solidão que não me larga - sou tantas, mas ilha.
Espere. Estou sucumbindo de novo...
Ar...
Despetála-me!
Crave-me os dentes como se eu assim fosse uma fruta lisa e vermelha.
Afunde o polegar na minha casca e me deixa nua, pulsante na tua mão.
Coma-me os gomos, sorva-me a grandes goles.
Sou um corpo pro teu corpo.
Sou o outro lado. O que você seria se não estivesse do lado de lá.
Estou às avessas.
quarta-feira, julho 16, 2008
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4 comentários:
carta antiga vira literatura.
Ah... como eu conheço essa carta.
que irados esses textos.
Nossa viajei d+...heheh
vou passar aqui sempre!
adorei seu blog
Bacanérrimo!
Sinestésico definitivamente.
Dá pra sentir. E reconhece.
Notei um abismo temporal
entre este e o último texto.
Por que?
Beijo
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