quarta-feira, dezembro 26, 2007

Doçura agônica


Eu não alcanço.
Não dá alçada,
Não tem palavra.
E a coisa não morre.

Frio quente por dentro,
Pele eriçada por fora.

Secura na boca,
Fartura na pelve.

Quase tenho que desencostar,
pro coração não pular do peito e sair pulsando desritmado, boiando no ar.

Desvario,
Devaneio.
Eu não sossego.

Outra respiração por dentro da minha: corpo estranho - que por vezes parece já me conhecer
Parecença agoniada
De ecos e reflexos batidos em vaidades e solidões compartilhadas.

Dedos, dedos, dedos.
Moinho de carinhos dóceis,
Moinho de carícias doidas.

Púbis emboladas: ninho.
Pedaços de pele sentidos mesmo como pedaços - cada um, de cada vez.

Agonia doce que vicia,
Doçura agônica que não passa.




2 comentários:

Materialidade Fluida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Materialidade Fluida disse...

Mas como dizer que algo desse tamanho vai desaparecer a partir de nossos acordos racionais?

O que colocar por cima?
Leio e sinto... cada palavra