Quando comungamos nossos corpos
Num abraço quente,
Gostaria eu que não tivesse fim.
Sinto seu cheiro ardendo em mim,
E o gosto de erva na saliva morna,
Quando me beija assim...
Sinto o céu
Da sua boca,
Em minha nuca.
Suas mãos
Percorrendo minhas retas, curvas e voltas,
Pressionando meus quadris,
Seios e alma.
A respiração lenta e rápida,
Leve e pesada,
Úmida e quente,
Reverberando entre a gente,
Entre calmaria e frenesi.
Quero entrar pelos seus poros,
Saciar-me no teu peito,
Atingir o seu delírio.
Os lábios entre as pernas,
Os arcos ogivais,
As nossas digitais,
As suas costas largas,
Os lóbulos,
As pálpebras,
Todas as reentrâncias,
Todas as saliências.
Os licores interiores,
Embriagando noite afora,
Corpo a dentro...
Alma inteira.
O sol no centro do cosmos,
Você em mim,
A sua existência,
Na minha existência.
Os dentes,
A língua,
As pontas dos dedos.
Os braços,
Joelhos,
Dedos dos pés.
Um beijo,
Um sussurro,
Um devaneio.
Dentro de mim,
Dentro de mim,
Dentro de mim,
Profundamente em mim.
A luz
O som
O ar
A luz
O céu
O gozo.