sábado, novembro 25, 2006

Insustentável leveza


Guardo em minhas mãos resquícios do cheiro de suas partes
Tenho a sensação de poder apreender com minhas mãos seu todo em partes
E enquanto quase dormia, sentir em meu corpo o reverberar de seus músculos a relaxar eu podia
O sono lhe pesava a pele e a consciência lhe esvaía
Evaporando-se por nossa cama a alma ía
Em silêncio sim.

Ao despertar-se, pesou-se sobre mim.
Em silêncio ainda assim.

Em súmula o ato
No corpo o peso, na alma o salto
Chegando ao teto, exaurindo o espaço

Ao desfalecer-nos, me fita a leveza
Pairando fluida, com as leis da gravidade a brincar
Misteriosa me sorri, arregalando-se em beleza
Zombando de minhas palavras que não a poderão jamais tocar.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Geléia de pérola



Ella tem nos cabelos laços de fita,
Anágua debaixo da saia de chita.
Ella cheira a perfumes baunilha e canela mescladas,
Colares de contas por sobre blusa rendada.
Ella tule, ballet silencioso de cetim.
Caixinha de jóia que toca música, pra guardar gota de chuva.
Ella é toda clara em neve açucarada,
Geléia de pérola nacarada.

domingo, novembro 12, 2006

Poesia de bolso

Desejos confessos ao pé do ouvido:
Rir-te com a boca do estômago,
Ninar-te no colo do útero.